Nova Deli – A balança comercial entre Angola e Índia tem registado um crescimento notório, nos últimos anos, atingindo em 2024 os 4,19 mil milhões de dólares americanos, a pender para Angola.
Por António Tavares, enviado especial da ANGOP
Apesar de as relações bilaterais terem sido oficialmente formalizadas, em 1985, o comércio entre os dois países cresceu sensivelmente, após o fim da guerra civil, em Angola, em 2022.
Os dados disponíveis mostram que o volume de trocas que era de apenas poucos milhões de dólares, até aquele ano, atingiu 450 milhões de dólares em 2006-07, chegando a 1,3 bilhões de dólares no biénio seguinte e a 1,4 bilhões de dólares durante o período de 2008/2009.
O sólido e crescente intercâmbio bilateral que tem sido testemunhado, nos últimos anos, fez com que as partes reiterassem o compromisso contínuo de estreitar cada vez mais as relações existentes.
No relançamento dos alicerces da cooperação económico-comercial indo-angolana, mediante troca de visitas ao mais alto nível, nos anos 2012-2013 e 2013-2014, as trocas comerciais atingiram cifras sem precedentes que rondaram os 7,6 biliões e 6.5 biliões de dólares, respectivamente.
As importações a partir de Angola registaram um crescimento considerável, principalmente devido à compra a granel de petróleo bruto.
O comércio bilateral, no entanto, sofreu um declínio posteriormente, basicamente devido à queda dos preços do petróleo, em 2015-2016, caindo para USD 2,8 bilhões.
Entre 2017-18 e 2018-19 deu-se uma recuperação parcial do declínio comercial, atingindo, respectivemente, 4,6 e 4,4 bilhões de dólares americanos.
Mas esta recuperação foi abruptamente interrompida pelo impacto da Covid-19, e o comércio bilateral caiu para 3,9 bilhões de dólares (em 2019-2020) e ainda mais para USD 2,1 bilhões no pico da Covid em 2020-2021, antes de reacender para 3,2 bilhões de dólares, em 2021-22.
As importações em 2021-22 foram de 2,725 milhões de dólares contra os 452 milhões de dólares em exportações.
Em 2024, o comércio bilateral entre a Índia e Angola foi de cerca de USD 4,19 milhões, com as exportações indianas a atingir a cifra recorde de 698 milhões de dólares.
Principais produtos
Em Janeiro de 2025, a Índia, a nação mais populosa do mundo com 1,428 bilhões de habitantes em 2025 (superou a China), exportou 52 milhões de dólares americanos e importou 230 milhões de Angola.
Estes números fazem da Índia um parceiro comercial fundamental para Angola, ocupando actualmente a segunda posição, depois da China, o que representa cerca de 10% do comércio externo angolano.
A balança comercial favorece Angola, sendo a Índia um grande importador de petróleo angolano, que representa cerca de 90% do comércio bilateral, para além de ferro, do aço, do cobre, do alumínio e do chumbo.
Os principais produtos indianos exportados para Angola são a carne e seus derivados, medicamentos, produtos de química fina, algodão, tecidos, roupa, tractores e viaturas, bebidas alcoólicas, máquinas e equipamentos.
A lista inscreve também produtos avícolas, couro acabado, artigos de couro, cosméticos, papel, produtos de madeira, ferro e aço primário e semi-acabados, entre outros produtos.
A excelência da cooperação é ilustrada ainda pela existência de cerca de 200 pequenas e médias empresas indianas envolvidas na fundição de sucata,e plásticos e do engarrafamento de água mineral.
Uma série de empresários indianos estão envolvidos em Angola no comércio de bens de consumo duradouros, material de construção, produtos de mercearia, têxtil e confecções.
Ambos os países estão a promover oportunidades de negócios e investimentos por meio de iniciativas como a Conferência de Crescimento Empresarial 3B e o Conclave Empresarial Índia-África.
A título de exemplo, o Governo angolano decidiu unilateralmente isentar cidadãos de 98 países, incluindo a Índia, da exigência de visto, com o objetivo de impulsionar o turismo.
Parceria para o Desenvolvimento
A cordialidade do relacionamento entre as duas nações levou o Governo da Índia, por meio do Banco EXIM, a conceder, durante o período de parceria, três Linhas de Crédito (LOC), desde o início da cooperação.
A primeira está avaliada em 30 milhões de dólares americanos, para a criação de um parque histórico em Angola, seguindo-se um apoio em 15 milhões de dólares para a criação de um projecto têxtil no país.
Além disso, o Exim Bank da Índia estendeu três linhas de crédito no valor de 5, 10 e 13 milhões de dólares para equipamentos agrícolas e tractores indianos. Essas Linhas de Crédito já foram totalmente utilizadas.
Ainda ao longo das mais de três décadas de cooperação, o Governo da Índia ofereceu um crédito de 40 milhões de dólares americanos ao Governo de Angola para o projecto de reabilitação do Caminho-de-Ferro de Mocamedes, a primeira grande iniciativa da India para com Angola.
Por seu turno, o State Bank da Índia, que abriu a sua representação em Luanda, em Abril de 2005, também estendeu linhas de crédito comerciais para o fornecimento de tractores e importação de bens de equipamento da Índia.
Não satisfeitos, os dois governos convergem agora na ideia de que é possível tirar muito mais proveito deste intercâmbio e, neste sentido, pretendem agora aumentar o seu comércio bilateral, que tem grande potencial, com mais uma ronda negocial à vista. ART/IZ
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